Jogadores
A busca por um sonho incessante da maioria dos jovens leva mais de 5 mil adolescentes ao exterior em busca do sucesso no mundo do futebol. Tem sido mostrado em inúmeros estudos, é um referente universal (Bromberger, 1995, 1998, 2001) que tem enorme impacto na mídia. Essa hegemonia no mediascape(Appadurai, 1990), promove uma circulação mundial particular de pessoas e de dinheiro, na qual o Brasil aparece como um dos principais protagonistas, pelo domínio no campo futebolístico nos últimos anos. O ato de emigrar para jogar em clubes do exterior – ou “rodar”, e é classificado como “circulação” no estudo, já que os jogadores estão em outros países de passagem. Eles não se consideram e não são considerados como imigrantes. Suas referências de fronteiras simbólicas não são as nacionais ou locais, mas as dos clubes.
O Brasil, só recentemente, transformou-se de país receptor de imigrantes laborais em um país que cede trabalhadores mais do que os recebe. Os jogadores de futebol ocupam uma parcela numérica e economicamente significativa, hoje, constituída por emigrantes que o fazem com a certeza de uma acolhida institucional. Os jogadores de futebol são emigrantes especiais também por serem, ao mesmo tempo, força de trabalho e mercadoria (Marx, 1978). A nacionalização não é vista pelos jogadores como um afastamento do Brasil. Assim como não o é a cada vez mais frequente participação de jogadores brasileiros em seleções estrangeiras. A proximidade do país de origem é constantemente afirmada em suas falas e, como pode verificar, em suas práticas cotidianas de consumo que compõem seus estilos de vida.
Embora esses jogadores venham, em grande parte, das camadas médias e subalternas, com perfil parecido dos emigrantes que normalmente saem do país, eles não são vistos como imigrantes lá fora, mas contam com um estatuto especial. O perfil desses jogadores em nada se aproxima do imigrante que aparece na mídia