Joao Pedro Marques Magalhaes
A trajetória da poupança interna foi crescente até o início da década de noventa quando sofreu uma brusca queda na crise econômica, no início do Governo Collor. Com a implementação do Plano Real, o consumo foi favorecido e a poupança interna sofreu nova redução. Já a poupança externa experimentou, entre 1995 e 2000, um ingresso líquido da ordem de 2% do PIB. No entanto, como a poupança interna fora reduzida para 15% o nível de investimentos ficou em 17% do PIB, bem abaixo do nível de 20% do início da década oitenta.
Este acréscimo de recursos externos que aconteceu no Brasil, como em outros países da América Latina que adotaram a chamada abertura econômica, resultou em imediato alívio da pressão sobre a balança de bens e serviços que ela possibilitou. Houve muita expectativa de que esse aporte de recursos externos gerasse o crescimento. No entanto, particularmente após o Plano Real houve um estímulo ao consumo que, aliado ao controle da inflação, trouxe popularidade ao plano, mas não o crescimento.
Analogamente ao que já havia acontecido na época do “milagre econômico” do regime militar, os anos de entrada de recursos externos cobraram seu preço nos anos seguintes. Isto fica evidente na Figura 3 onde é mostrada a evolução, em dólares de 2006, da poupança externa acumulada ao longo do tempo. Poupança externa acumulada ao longo do período 1947 a 2007 mostrando, a partir de 1970, dois grandes ciclos de entrada e saída da poupança externa com resultado acumulado de - 230 bilhões de dólares de 2006.
Entre 1947 e 1970, o fluxo acumulado de recursos externos foi praticamente nulo. Nos anos setenta, a poupança externa foi financiada por empréstimos que fluíam com facilidade no sistema financeiro internacional. O choque nos preços de petróleo em 1979, a queda no preço do commodities e o choque de juros nos meados da década de oitenta agravaram a