Joao de santo cristo
João Fernando voltava mais uma vez da roça. Havia passado mais um dia capinando a terra, envolto em seu trabalho de limpeza da plantação de milho. O mato não podia crescer naqueles dias. A chuva havia caído há dois dias e ele não podia perder tempo, tinha que aproveitar a estiagem. João Fernando estava cansado daquela luta. Todos os anos a sua batalha era igual. Trabalhava como um louco, procurando aproveitar as chuvas. Plantava tudo o que pudesse brotar e render boas colheitas naquelas suas terras. Eram uns poucos hectares, herdados de seu pai, e que mantinham o sustento de sua família. Sua família era apenas sua mulher, grávida de seis meses e necessitando de repouso absoluto, por ser a gravidez de risco. Com isso, todo o trabalho na roça havia sobrado para João Fernando. Ontem, o prefeito veio visitá-lo. Homem bom aquele. Queria vender dois garrotes para João Fernando. E estava vendendo abaixo do preço que os outros vendiam no mercado. O restinho do dinheiro que João Fernando tinha do ano anterior, resultado da venda dos seus últimos garrotes para o mesmo prefeito, dava justamente para comprar os dois garrotes. A sua vaquinha, a que restou, estava dando leite de novo. O bezerrinho estava crescendo bem, já que havia fartura nesta época do ano. Com certeza iria aproveitar o ótimo preço que o prefeito estava pedindo nos dois garrotes e iria comprá-los. O prefeito era muito bom mesmo, já que havia comprado os seis garrotes que ele tinha no ano anterior, naquela seca medonha... O prefeito comprou pela metade do preço, claro, porque estavam muito magros. Mas, se o prefeito não tivesse comprado, todos os animais estariam mortos.
O outro partido, a oposição, estava comentando que o prefeito havia mandado os garrotes para o Pará, aproveitando que havia alugado um pasto grande, onde não tinha seca. Diziam que ele aproveitava as três carretas que tinha para despachar para o Pará todos os garrotes, bois e vacas que