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7069 palavras
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O discurso de exclusão do negro no BrasilÉdimo de Almeida Pereira*
Resumo
No presente artigo analisamos alguns aspectos do discurso elaborado por grupos dominantes com o objetivo de desconstruir a identidade do homem negro em sociedades marcadas pela herança da escravidão. Abordamos, também, o discurso de reação do sujeito negro a essas forças de exclusão, tomando como referência a face politicamente engajada da obra do poeta afro-brasileiro Adão Ventura.
Palavras-chave: Discurso; Identidade; Ideologia; Literatura Afro-brasileira.
Esse eu lírico em busca de uma identidade negra instaura um novo discurso – uma semântica do protesto – ao inverter um esquema onde ele era o Outro: aquele de quem se condoíam ou a quem criticavam. Passando de outro a eu, o negro assume na poesia sua própria fala e conta a história de seu ponto de vista. (BERND, 1988)
No final do século XVI, conforme aponta Bernd (1988) a transferência de todo um contingente de negros escravizados para as Américas, colocou em contato, nos numerosos postos de trabalho, indivíduos oriundos de variadas regiões da África, portadores, portanto, de culturas, costumes, religiões e, principalmente, de línguas diferentes. Essa situação – associada ao processo de catequese dos cativos levado adiante pela Igreja, – obrigou-os a adotarem a língua do branco como uma das formas de viabilizar a comunicação, o que contribuiu para que se desse, ao longo das gerações, uma forçada adaptação do negro ao novo ambiente, num crescente percurso que havia fragmentado o seu contato com as próprias origens.
É necessário considerar que a substituição da língua, ou das línguas do africano pela do branco, enquanto fator de desagregação da noção de identidade, foi sempre acompanhada de um discurso de exclusão gerado nessa mesma língua, num expediente voltado para a “inferiorização” e a “reificação” do negro, de modo a justificar a relação de domínio exercida pelo branco. Na língua do branco
fomenta-se