Isso ae
“É preciso dar a volta”, diz a militar com arrogância ao árabe israelense Basim, este ao volante do automóvel.
Ele fecha a janela e dá meia-volta para a entrada do checkpoint, onde recuperamos os documentos de outro soldado, ele também com cara de poucos amigos.
Teremos, anuncia Basim, de dirigir 20 minutos rumo ao sul de Shufat e sair pela Cisjordânia. Em miúdos, esse residente do campo de refugiados pode entrar e sair dessa verdadeira prisão onde vivem 70 mil almas. No entanto, com um estrangeiro, fica difícil sair. Donde o passeio forçado.
“Mas o que eu posso fazer?”, indaga Basim, de 54 anos e funcionário de uma pequena loja de celulares ao lado da Cidade Antiga de Jerusalém. “Os soldados me conhecem, e, portanto, não posso confrontá-los.”
Todos os finais de tarde, jovens de Shufat vão até o checkpoint e jogam pedras nos soldados. Os confrontos sempre deixam feridos.
“Você tem de escolher a hora certa para entrar e sair de Shufat.”
Basim emenda: “Pelo menos agora você verá a pior parte deste inferno em que vivemos”.
E põe inferno nisso.
Em um muro lê-se: “Odiamos Israel”. De contêineres de lixo por todas as partes saltam gatos. Móveis abandonados nas ruelas de barro dificultam a passagem de pedestres e automóveis, o que explica o trânsito e a sinfonia de buzinas. Casas decadentes lembram aquelas das favelas brasileiras.
Mesmo assim, Basim saúda, sorriso nos lábios, várias pessoas.
Leia mais:
A vitória do medo
Naftali Bennett, a nova face da direita religiosa israelense
Netanyahu: homem forte com coração temeroso
Na verdade, Shufat é um campo econômico de refugiados. As milhares de pessoas