Irmã doraty
855 palavras
4 páginas
O assassinato de Irmã Dorothy desnuda a questão da terra no BrasilO brutal assassinato de Irmã Dorothy, executada por pistoleiros de aluguel com 6 tiros à queima-roupa no último dia 12 de fevereiro, em Anapu, sul do Pará, causou comoção no Brasil e no mundo entre todos os que lutam por uma sociedade mais justa e igualitária. Sua morte veio somar-se aos mais de 1300 assassinatos no campo registrados pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), vítimas da barbárie que há séculos caracteriza as relações agrárias no Brasil. Irmã Dorothy atuava desde 1982 na região da Transamazônica Leste, uma das mais miseráveis regiões da Amazônia.
De acordo com o depoimento de um morador da região, Irmã Dorothy era "suave e firme, dedicada como poucos, apaixonada pelo Brasil e pela gente da Amazônia, deixou sua terra, os Estados Unidos, e veio para a nossa. Morava em casa simples, usava sandálias de dedo como o povo pobre daquela região. Falava um português da roça com sotaque americano. Mas era só o sotaque. Pois tinha deixado a ideologia do norte e tinha assumido o compromisso com a gente de nosso sofrido continente".
Em nota divulgada à imprensa, a CPT atribui a morte da missionária ao “latifúndio, mascarado de agronegócio e modernidade”, que quer manter intocada a “absurda estrutura rural de concentração da terra em grandes propriedades, ao lado de milhões de famílias que, teimosamente, buscam, sem conseguí-lo, um pequeno pedaço de chão que lhes sirva de abrigo e que providencie seu sustento.” No mesmo documento, a CPT é enfática ao denunciar a prática abertamente tendenciosa do Judiciário: em 2003 foram despejadas da terra 35.292 famílias, mediante expedição de “liminares de reintegração de posse contra lavradores, sobre áreas com titularidade muitas vezes duvidosa...” e “...dados parciais de 2004 indicam o despejo de outras 34.850 famílias camponesas.” Ao mesmo tempo “das 1379 mortes no campo, registradas pela CPT, de 1985 a 2004, somente 75 casos foram julgados, tendo sido