Investimentos
BACHELARD, Gaston. A Formação do Espírito Científico. São Paulo: Contraponto, s/d, pp. 258-292.
RESUMO
O Obstáculo do Conhecimento Quantitativo
Um conhecimento quantitativo imediato traz um erro a ser retificado. Tal afirmação explica-se pela diferença entre o que é próprio do objeto e o que é atribuído a ele pela subjetividade. O agregado subjetivo, numa abordagem epistemológica e ou científica, deve ser reconhecido e expurgado, de maneira a permitir o conhecimento do objeto.
Determinações geométricas e quantitativas fantasiosas são freqüentes no estudo de novos fenômenos. Ao tornar discurso aquilo que é abstrato e surge da intuição se corre o risco de incorrer na vagueza ou num matematismo que aspira por demasiada precisão.
O excesso de precisão quantitativa tende a corresponder a excesso do pitoresco de âmbito qualitativo. Este é um traço bastante claro do espírito não-científico com pretensões de objetividade científica.
As medições são bons exemplos do distanciamento entre o real e o subjetivo. O realista descreve o objeto e o mede. O cientista procura aproximar-se do objeto mal definido e prepara-se para medir ponderando as condições de seu estudo. Determina sensibilidade e alcance de seus instrumentos, descreve seu método de medição. Assim, a concepção do objeto medido acaba por refletir mais o realismo da medida do que a realidade do objeto. Isso implica que o objeto pode mudar de natureza ao se mudar o grau de aproximação.
Incorrer em excesso de precisão implica deixar escapar as relações e variações do objeto, além do que raramente se harmoniza variações decimais por margens de erro. Previsões aparentemente ultraprecisas, leis vagas e particulares acabam por denunciar inabilidade do espírito pré-científico.
Preocupações com precisão também levam a proposta de problemas insignificantes, denunciado falsa sensibilidade. O cálculo também pode ser aplicado a determinações que não o comportam.
No entanto, não apenas estudantes e maus