As Invasões Francesas, a Guarda e a sua Região Adriano Vasco Rodrigues As Invasões Francesas marcaram profundamente Portugal, ceifando milhares de vidas da população civil (calculam cerca de 250 000 mortos), ateando incêndios, destruindo imóveis, roubando bens patrimoniais e particulares, provocando prolongada miséria agrícola e avultados prejuízos materiais. A indemnização atribuída a Portugal, no final da guerra, esteve muito longe da compensação devida. A Guarda e Povoações do actual distrito sofreram a inclemência da tropa francesa e a prepotência dos militares ingleses. Esclarecedora é uma carta datada de 2 de Julho de 1815, registada nas Actas municipais da Guarda, escrita pelo Dr. José Maria de Mendonça Mexia Almeida Barbarino, Juiz de Fora e Presidente do Governo Municipal, dirigida ao Príncipe Regente D. João, então no Brasil, onde refere as ruínas dos edifícios desta cidade, causados pelos franceses, que tantas vezes a invadiram nos anos 1810, 1811 e 1812 e reduziram à mais deplorável situação que os meus cuidados e policia não têm podido melhorar, pela falta de meios e desgraça em que uma guerra destruidora submergiu seus infelizes habitantes. Só me resta o recurso para a inata piedade e sensível compaixão de V. A. R., etc etc. [1] E mais adiante: Os pobres não têm onde se recolher e livrar das impírias do mau tempo porque destituídos de meios não poderão procurar a reedificação e reparo da sua pobre habitação e é a favor destes que na inclusa relação formam a primeira classe. Em seguida fala dos menos pobres, que também não têm meios para reparar as ruínas. Finalmente, os ricos ainda não tiveram coragem de promover o concerto das suas casas. Praticamente só os pobres tinham regressado á Guarda. Os remediados e os ricos tinham-na abandonado e entre eles estava o Excelentíssimo e Reverendíssimo Bispo que por suas qualidades e virtudes faz na cidade uma falta considerável a