introdução à controladoria
A Controladoria é uma área de atuação relativamente nova no Brasil e ainda não está consolidada. Isso acontece, entre outras razões, porque tanto a literatura quanto a prática empresarial demonstram divergências quanto às principais funções, atividades, responsabilidades e formas de organização da Controladoria. Nesse sentido, a discussão que se segue tem como objetivo principal gerar um panorama geral sobre o que é, como funciona e para que serve a Controladoria, tanto do ponto de vista teórico quanto prático.
Uma mudança comportamental: da Contabilidade
Gerencial1 à Controladoria
Em 1987, em um turbulento período de transformações no cenário mundial político, econômico e tecnológico, os norte-americanos Johnson e Kaplan publicaram a obra Relevance Lost, alegando que a Contabilidade Gerencial tinha perdido sua relevância, o que causou uma verdadeira inquietação entre os estudiosos da área. Johnson e Kaplan discutem que na década de 1980 a Contabilidade Gerencial tinha atingido uma situação indesejável porque os acadêmicos estavam ocupados demais desenvolvendo modelos altamente sofisticados, porém em cenários de produção estilizados e simplificados, como considerando que as empresas possuíam uma única linha de produtos, não sendo comparável aos fenômenos organizacionais reais. O sistema da
Contabilidade Gerencial não apenas deixava de fornecer informação relevante, como, também, desviava sua atenção de fatores críticos para o desempenho (Borinelli et al., 2005, p. 1-2).
Várias razões foram apontadas pelos autores para essa perda de relevância: crescimento e complexidade das organizações, influência das informações contábeis para usuários externos, maior importância à mensuração do que à gestão de custos, automação dos sistemas de informação e omissão acadêmica sobre o assunto. Assim, o Relevance Lost motivou a reflexão sobre o papel da Contabilidade Gerencial (LUFT, 1997,
p. 163; MACDONALD; RICHARDSON, 2002, p. 120).