Intoxicação por monofluoracetato
Introdução
O monofluoroacetato (MF) ou ácido monofluoroacético é utilizado na Austrália e Nova Zelândia no controle populacional de mamíferos nativos ou exóticos. O uso desse composto é proibido no Brasil, desde 1997, devido ao risco de intoxicação de seres humanos e de animais, uma vez que a substância permanece estável por décadas, e também devido a intoxicação criminosa por essa substância.
Outro aspecto significativo relaciona-se ao fato do MF ser considerado por alguns, como o princípio tóxico das chamadas plantas brasileiras que causam morte súbita (PBCMS), responsáveis por sérios prejuízos econômicos à pecuária brasileira.
Aspectos históricos
O monofluoroacetato (MF) foi sintetizado pela primeira vez na Bélgica em 1896 e patenteado em 1927, como preventivo contra traças. Observou-se a toxicidade dessa substância pela primeira vez na Alemanha em 1934. No final dos anos 30 e início dos anos 40, cientistas poloneses estudaram as propriedades tóxicas dos compostos de fluoroacetato, especialmente o ácido fluoroacético de metil éster. Em 1944, isolou-se o monofluoroacetato de potássio (CH2FCOOK) de Dichapetalum cymosum, planta da África do Sul reconhecida como tóxica em meados de 1890.
Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), devido à falta de rodenticidas como tálio e estricnina, iniciaram-se testes com substâncias alternativas. Em junho de 1944, o MF foi fornecido ao Centro de Pesquisa de Animais Selvagens para ser testado como rodenticida. O Centro de Pesquisa deu a MF o número 1080, que foi adotado como nome popular. Amostras da substância também foram enviadas ao Centro de Pesquisa de Animais Selvagens de Denver, EUA, para testes adicionais em outras espécies. Os resultados comprovaram o valor do composto 1080 como controlador eficiente de predadores de animais de produção. Ainda durante a Segunda Guerra, o MF protegeu tropas aliadas no Pacífico contra roedores. Nos EUA foi empregado pela primeira vez em 1945