Interpretação e produção de textos
PROF. ANDERSON FRANÇA
APOSTILA
Interpretação e Produção de Textos
IPT
1º / 2014
Rios sem discurso
João Cabral de Melo Neto
Quando um rio corta, corta-se de vez o discurso-rio de água que ele fazia; cortado, a água se quebra em pedaços, em poços de água, em água paralítica.
Em situação de poço, a água equivale a uma palavra em situação dicionária: isolada, estanque no poço dela mesma, e porque assim estanque, estancada; mais: porque assim estancada, muda, e muda porque com nenhuma comunica, porque cortou-se a sintaxe desse rio, o fio de água por que ele discorria.
O curso de um rio, seu discurso-rio, chega raramente a se reatar de vez; um rio precisa de muito fio de água para refazer o fio antigo que o fez.
Salvo a grandiloqüência de uma cheia lhe impondo interina outra linguagem, um rio precisa de muita água em fios para que todos os poços se enfrasem: se reatando, de um para outro poço, em frases curtas, então frase a frase, até a sentença-rio do discurso único em que se tem voz a seca ele combate.
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SUMÁRIO
Reflexões sobre linguagem..........................................................................03
O que é comunicação?.................................................................................04
Linguagem verbal e não verbal....................................................................05
Estrutura do ato comunicativo......................................................................05
Conceito de língua e fala..............................................................................06
O que é um texto?........................................................................................07
Sentido/discurso/lógica e contexto............................................................. .08
Fragmento texto: noção de texto, Roland Barthes, plaisir du texte..............09
O que é interpretação de