Interpretação do Poema "Isto"
1.1. O “erro” ou “incompreensão” do leitor que é denunciado pelo sujeito poético é o deste dizer, equivocamente, que tudo o que Pessoa ortónimo escreve é mentira, fingimento, o que é prontamente negado pelo sujeito poético.
1.2. Através dos três últimos versos da primeira estrofe, o sujeito poético afirma não mentir, mas sim sentir “com a imaginação”. Deste modo revela haver uma intelectualização dos sentimentos, uma das temáticas da Teoria do Fingimento. Ao dizer “Não uso o coração.”, o ortónimo reforça a intelectualização dos sentimentos, que os sentimentos não são sentidos com o coração, mas tal não significa que os mesmos sejam mentirosos, enganadores.
2. A comparação presente na segunda estrofe revela a oposição entre o mundo real do sujeito poético (“terraço”) e a “outra coisa”, um mundo ideal, perfeito, tal como o ortónimo diz, “Essa coisa é que é linda” o que nos evidencia a sua fascinação pelo mesmo.
3.1. “Por isso”, a locução que introduz a terceira estrofe revela um valor conclusivo.
3.2. O último verso do poema evidencia a recusa do sujeito poético em sentir, de forma imediata, o que escreve. Ao invés disso, que seja o leitor a sentir os sentimentos que o ortónimo comunica.
4.a. Um ato ilocutório expressivo presente neste poema é “Essa coisa é que é linda”.
4.b. Um ato ilocutório diretivo aqui presente é “Sinta quem lê!”
4.1. Em (a), a afirmação apresentada é um ato ilocutório expressivo pois expressa as emoções que o sujeito poético sente por “essa coisa”, enquanto que em (b), a exclamação é um ato ilocutório diretivo pois traduzem a vontade do sujeito poético em que o leitor realize a ação.
5. Comparando os dois poemas, “Autopsicografia” e “Isto”, podemos verificar que ambos se focam na criação poética. Enquanto em “Autopsicografia” o poeta distingue a dor sentida da dor fingida, em “Isto” o mesmo simplesmente sente “com a imaginação”, ou seja, os seus