interpretando o Brasil
As sociedades podem ser compreendidas a partir do exame de seus costumes. Observando as maneiras de se comportar ou os hábitos mais comuns de uma sociedade, podemos entender melhor como ela se forma e como é percebida por quem está de fora.
A lista dos que se colocam no desafio de responder à pergunta “ o que é o Brasil?” é longa e inclui sociólogos (como exemplo Oliveira Vianna), literatos, antropólogos, geógrofos, entre outros.
Alguns como Gilberto Freyfre e Oliveira Vianna, partiram de uma reflexão sobre nossa constituição racial. Outros, como Monteiro lobato e Roberto DaMatta, para citar apenas dois, foram descobrindo a identidade brasileira a partir da comparação das nações. O exame das interpretações feitas por esses intelectuais nos leva a refletir sobre nós mesmos, sobre quem somos e como chegamos a sê-lo.
CIVILIZADOS OU CORDIAIS?
Em raízes do Brasil, Sérgio Buarque desenvolve uma ideia em torno da qual constrói sua interpretação sociológica: a do “homem cordial”.
Este seria o brasileiro típico, fruto da colonização portuguesa e representante conceitual de nossa sociedade. Ele usa a expressão “homem cordial” para indicar um tipo de sujeito que age de acordo com um “fundo emotivo transbordante”, ou seja, com o coração, movido pela emoção. O homem cordial se vale da espontaneidade a aposta na lógica dos favores.
É assim, o exato oposto do homem que se orienta pelos códigos das boas maneiras da civilidade, feitos para controlar e conter as emoções em nome de rituais e regras de convivio social. A cordialidade, tal como entendida por Sérgio Buarque, surge aversão à impessoalidade. Podemos concluir, assim que o homem cordial caracteriza-se fundamentalmente pela rejeição da distancia e do formalismo nas relações