Infantil
Peter Levine
Tradução: Diana Fontoura
Revisão técnica: Irene Trajtenberg
Apesar de que qualquer pessoa – independentemente do vigor, habilidade, ou experiência – possa ser traumatizada por um evento ameaçador, os que se encontram em maior risco são as crianças.
Johnny, que tem cinco anos de idade, andando orgulhosamente em sua primeira bicicleta passa sobre um pedregulho solto e é jogado numa árvore. O golpe o deixa momentaneamente inconsciente. Ao se levantar em meio às lágrimas, ele se sente desorientado e de algum modo, diferente. Seus pais o abraçam, o consolam, e o colocam de volta na bicicleta, elogiando sua coragem o tempo todo. Eles não se dão conta de quão atordoado e assustado ele está.
Anos após o incidente que fora esquecido tão rapidamente, ao dirigir com sua esposa e filhos, John desvia para esquivar-se de um carro que se aproxima. Ele congela no meio da volta. Felizmente, o outro motorista consegue manobrar com sucesso e evitar uma catástrofe.
Uma manhã, vários dias depois, John começa a sentir-se inquieto ao dirigir para o trabalho. Seu coração começa a disparar e palpitar; suas mãos ficam frias e suadas. Sentindo-se ameaçado e preso, ele tem o impulso repentino de pular fora do carro e correr. Ele se dá conta da irracionalidade de seus sentimentos e, gradualmente, os sintomas cessam. No entanto, uma vaga e irritante apreensão persiste durante todo o seu dia no trabalho. Ao voltar para casa no final do dia sem incidentes, ele se sente aliviado.
Na manhã seguinte, John sai cedo para evitar o trânsito e fica até mais tarde, debatendo assuntos de trabalho com alguns colegas. Quando chega em casa ele está irritado e nervoso. Discute com sua esposa e grita com as crianças. Ele vai para a cama cedo, mas acorda no meio da noite todo suado com a lembrança não muito clara de um sonho no qual seu carro está derrapando fora de controle. Sucedem-se mais noites de inquietação.
Reações Traumáticas Tardias