InesCastro
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Inês de CastroMas, uma vez regressado a Portugal (D. Afonso IV), um caso muito triste ocorreu e ensombrou o seu reinado – o caso da mísera e mesquinha/ que depois de ser morta foi rainha, ou seja , o caso de Inês de Castro, a linda Inês, que, posta em sossego, colhendo o doce fruto da sua juventude, nos saudosos campos do Mondego ensinava aos montes e às ervinhas o nome que no peito escrito tinha[s]. Era o tempo das memórias de alegria que o amor correspondido do seu príncipe Pedro tornava ameno e doce, não podendo prever-se quão enganoso era. É que o Amor é uma espécie de deus poderoso que exige sacrifícios humanos e, por isso, exigiu a sua morte. Como ia dizendo, tudo corria bem até que o velho pai sisudo, Afonso IV – que se preocupava com o murmurar do povo e com o facto de seu filho recusar casar-se com outras princesas -, decidiu mandar matar Inês, julgando assim que , ao tirar-lhe a vida, libertaria o filho de tais amores. Um dia os horríficos algozes trouxeram Inês, acompanhada de seus filhos, junto do Rei. Percebendo que queriam matá-la, dirigiu-lhe as seguintes palavras: - A própria Natureza tem o costume de ser piedosa para com as crianças, como aconteceu com a loba que alimentou Rómulo e Remo, fundadores de Roma, ou com as pombas que alimentaram Semíramis, rainha da Assíria, abandonada por sua mãe. Por isso, tu, que tens de humano o gesto e o peito, deves ter respeito a estas criancinhas, mesmo que não tenhas piedade de uma mãe que de nada é culpada, a não ser de ter sujeito o coração a quem soube vencê-la. No entanto, se entendes dever castigar-me, estando eu inocente, manda-me para um lugar longínquo, a Sibéria fria ou a Líbia ardente, onde eu poderei criar meus filhos e encontrar entre leões e tigres a piedade que não encontrei entre os humanos. Aí poderei criar com amor intrínseco estas relíquias de Pedro, aquele por quem morro. Perante tais palavras, o Rei benigno queria perdoar-lhe, mas tal não permitiram o povo insensível e o destino de