O relatório mostra que a desigualdade se dá em áreas como renda, saúde e educação. Além disso, o estudo faz comparações para mostrar que a situação não tem se alterado nas últimas décadas. “Os dados apenas corroboram o que está à vista de qualquer observador: quanto mais se avança rumo ao topo das hierarquias de poder, mais a sociedade brasileira se torna branca”, diz o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), órgão da ONU que produziu o levantamento. O levantamento mostra, por exemplo, que a renda média dos brasileiros negros em 2000 foi de R$ 162,75, menos de metade dos R$ 341,71 (em valores corrigidos) que os brancos ganhavam em 1980, de acordo com relatório. Desde então, a diferença entre brancos e negros praticamente não se alterou. O estudo afirma ainda que 64,1% dos pobres brasileiros são negros e que a taxa de desemprego da população negra foi, na média, 23% maior do que o índice de brancos sem emprego entre 1992 e 2003. O relatório da entidade diz que a democracia racial brasileira é um “mito” e defende uma ação conjunta do governo e da sociedade para combater o racismo no país. O estudo acrescenta ainda que as ações afirmativas, incluindo as políticas de cotas, são necessárias no Brasil porque mulheres, negros e povos indígenas foram deixados “em secular desvantagem na sociedade brasileira”. “Políticas universais são e serão sempre indispensáveis. Tratar igualmente desiguais pode, no entanto, agravar a desigualdade, em vez de reduzi-la”, afirma o relatório. Desenvolvimento humano O levantamento do Pnud utiliza os indicadores pesquisados para revelar outro aspecto da desigualdade entre brancos e negros no Brasil. Em 2002, o Brasil ficou em 73° lugar no ranking do IDH (índice de desenvolvimento humano, elaborado pela ONU). Mas o estudo indica que, se as populações brancas e negras representassem países diferentes, a distância entre os dois grupos seria de 61 posições. O relatório diz que o ‘Brasil branco’ ficaria em 44° lugar no ranking,