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GREGÓRIO DE MATOS, O SAGRADO E O BARROCO46
José Pereira da Silva (UERJ)
Segismundo Spina lembra que "Vieira certa vez se queixou de que maior fruto produziam as sátiras de Gregório que os seus sermões". Por isto, acreditamos que o "Boca do Inferno" precisa ser conhecido também por esta faceta mística e sacra, pela qual não tem recebido a devida atenção.
Nossa proposta é mostrar aos estudantes de Letras esse outro poeta, pouco conhecido, mas extremamente rico em sua lírica sacra, impregnada de belas reflexões cristãs, segundo sua fé católica.
APRESENTAÇÃO DO POETA
No capítulo que escreveu sobre Gregório de Matos, sob a direção de Afrânio Coutinho, Segismundo Spina consegue dar, num parágrafo, uma excelente síntese biográfica do poeta:
Numa carreira literária descontínua e de difícil reconstituição cronológica,
Gregório de Matos militou por todos os setores da poesia: na sátira, na lírica profana e religiosa, na encomiástica, explorando também todos os recantos da versificação. Foi, sem dúvida, o primeiro prelo e o primeiro jornal que circulou na Colônia. Ao que parece, o lirismo do poeta, sobretudo o amoroso, foi precedido por uma intensa atividade satírica; a certa altura as duas formas correram paralelamente, até que, como ponto de chegada, um período de fé e de reflexão lhe abonançou a impetuosidade venenosa e o gênio picaresco. (Spina,
1986: 114-115).
Como bem lembra o Professor Fernando da Rocha Peres (2000:
13-22), da Universidade Federal da Bahia, Gregório de Matos não era um pobretão nem um homem desprovido de poderes, mas, ao contrário, um homem de família abastada, com altos cargos no judiciário português, tendo sido juiz civil e dos órfãos, assim como na administração eclesiástica (como desembargador eclesiástico e tesoureiro-mor Sé da Bahia, vigário-geral e cônego daquele arcebispado).
Uma versão deste artigo foi publicada na Revista Eletrônica do Instituto de Humanidades. Vol. V,
N° XX,