Imprensa e espaçopublico
O alfabeto, que permitiu a construção na história, foi uma conquista de muitas sociedades: Índia, China, Coréia, Japão, Mesopotâmia, Egito, regiões da Europa e dos povos maias e astecas. Na Mesopotâmia, a escrita – ou a transcrição da língua falada – surgiu de início com a pictografia, que representava, pela associação de palavras, um objeto ou um ser. Essa associação exigiu do homem a capacidade de interpretar o signo para além do concreto, entrando numa realidade abstrata. Assim, a escrita se afastou da imagem e se associou a uma representação analógica dos objetos. Para melhor exercer a comunicação, o homem chegou ao alfabeto, à escrita, que são o suporte estável da comunicação. Afinal, é a forma mais eficaz, duradoura e decifrável da mensagem, o que não ocorria antes com o som, o fogo ou, simplesmente, com a memória. A chegada à escrita é um processo resultante de fatores econômicos, como um sistema de controle e de contabilidade dos bens trocados.
De acordo com o conceito de Habermas, espaço público, ou esfera pública, é o local “onde se formam as opiniões e as decisões políticas e onde se legitima o exercício do poder” (SOUSA, 2003, 51). Estudar a formação da linguagem e aquisição da escrita nos ajuda a entender como o homem chegou ao exercício da democracia e à capacidade de expor idéias em público, como ocorria já na sociedade ateniense, quando os cidadãos participavam do processo