Imprensa diante do modernismo
Desde os primeiros tempos do Modernismo brasileiro, os jornais e revistas serviram de espaço para a divulgação dos projetos do movimento que então se formava. Oswald de Andrade, por exemplo, foi convidado pelo diretor Valente de Andrade a redigir crônicas e artigos no Jornal do Commercio, em 1916. Por outro lado, havia toda uma crítica academista contrária às ideias do movimento, tendo na figura de Monteiro Lobato, Oscar Guanabarino e Cândido (um pseudônimo) os mais vorazes algozes. Quando não indiferente, parte da imprensa reduziu (erroneamente) os ideais modernistas ao futurismo. É curioso também notar que muitos dos opositores sequer assinavam seu nome, escondendo as asneiras proferidas (e, hoje sabemos, historicamente condenáveis) no anonimato.
OS MODERNISTAS
O Triunfo de uma Revolução - Oswald de Andrade
Anuncia-se para o próximo dia 10 a abertura, no Teatro Municipal, de uma Semana de Arte Moderna à qual, chefiada pelo grande nome de Graça Aranha, concorre, vigorosa e moça, toda uma plêiade* de nomes ilustres.
Não faz um ano que, pelas colunas do Jornal do Commercio, começava-se o bom combate. (...) Em 1917, quando Di Cavalcanti chegava a esta capital, trazendo a sua arte nervosa e cerebral, a grande Anita Malfatti expunha pela primeira vez. E diante de ambos, o público, habituado ao academicismo vasto do Sr. Oscar Pereira e aos ocasos lambuzados de “rouge brunette” do Sr. Bassi, pasmou à espera talvez de que lhe dessem os caminhos novos que traziam os dois perturbadores artistas.
Foi quando, expondo-se a um erro brilhante – que as ideias de Jeca Tatu guardam – Monteiro Lobato pretendeu fulminar* a arte vigorosa e nova de Anita Malfatti. Jeca falara. Falara tudo o que há de mais vantajoso para ocara evoluída e de mais grave para a reputação literária. Aquilo que a moça pintora trazia de produção da sua sensibilidade admirável – através da técnica dos mais avançados ateliês de Berlim e Nova York – era