Immanuel Kant
por Alessandra Gonzalez de Carvalho Seixlack
Considerações iniciais: uma análise dos discursos sobre a Filosofia da História
Durante os séculos XVIII e XIX, diversas orientações filosóficas situaram os temas do tempo e da história no centro de suas investigações, contribuindo para a elaboração de um conceito de Filosofia da História. As obras de Immanuel Kant (1724-1804) e de Friedrich Hegel (1770-1831) ocuparam uma posição central neste cenário de discussão filosófica sobre a noção de história, de modo que a compreensão atual dos estudos históricos dificilmente poderá prescindir da consideração das ideias expostas em suas principais obras. Embora o transcurso da história se caracterize pelo surgimento de novas relações de reciprocidade entre as dimensões temporais do passado e do futuro[1], o que resultou no progressivo distanciamento dos intelectuais em relação à concepção clássica de filosofia da história e na elaboração de comentários críticos a ela, o estudo desse pensamento permanece sendo de extrema importância para o estudo da história da historiografia.
O conceito de Filosofia da História traz à tona o problema do sentido da história, sentido esse que assume concomitantemente as acepções de “significado da história” e de “orientação para a qual a história aponta”. De um modo geral, a filosofia da história pode ser definida como teleológica e futurista, pois se baseia na existência de um tellos e de um fio condutor que conectam e ordenam cronologicamente o passado, o presente e o futuro, apontando sempre em direção ao progresso – ao futuro redentor e “das luzes”. Nesse sentido, a história é definida enquanto um processo universal fundado objetivamente e enquanto um encadeamento causal, possuindo uma organização racional – com princípio e fim definidos – e podendo assim ser conhecida e acessada pela razão humana.
Todavia, embora possamos extrair do conceito de