Imigração e cultura cigana no brasil e na argentina
Setembro de 2012
INTRODUÇÃO
Conforme descrito em nosso pré-projeto, o objetivo deste trabalho é comparar a imigração e a influência da cultura cigana no Brasil e na Argentina. Em ambos os países, as informações disponíveis são parcas. Em parte, isso se deve, em parte, ao fato de se tratar de uma população de tradição oral, cuja língua, dentre as quais o Shib Calé, ou Calom, falado pela etnia predominante do Brasil, de origem ibérica, não possuir forma escrita. Se deve também à histórica negligência (quando não à hostilidade aberta) dos dois estados nacionais – Argentino e Brasileiro – quanto à população cigana. No Brasil, contam-se hoje 800 mil ciganos, a maioria da etnia Kalé ou Calom, como eles próprios se referem. Note-se que esse número, que está longe de ser pacífico, pois outras estimativas falam em até 1,2 milhão de ghitanos, foi elaborado pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) em 2010 e é o primeiro levantamento oficial sobre o assunto no país. Na Argentina, estatísticas não oficiais falam da existência de cerca de 300 mil ciganos (TCHILEVA, 2004, in Emerging Romani Voices from Latin America, disponível em http://tinyurl.com/9jfkacg).
Antes de entrarmos no assunto propriamente dito deste trabalho, é preciso fazer uma breve introdução sobre a cultura cigana e sua origem, visto que trata-se de tema pouco conhecido mesmo na academia. As origem daquilo que hoje é conhecido no Brasil pelo exônimo “Cigano” é incerta no tempo e no espaço. A maioria dos estudiosos afirma serem os ciganos originários do noroeste do subcontinente indiano, na região do Punjab e do Rajastão, de onde teriam imigrado em direção ao ocidente entre os séculos V e X da era cristã, em decorrência de instabilidades políticas naquela região. Essa evidência é reforçada por estudos comparativos entre a língua Rom, ou Romani, falada por algumas das etnias ciganas, e os idiomas da