Imaginanaçao sociologica

A imaginação sociológica

[...] A imaginação sociológica permite ao seu possuidor compreender o cenário histórico mais amplo em termos de seus significados para a vida interior e a carreira exterior de uma variedade de indivíduos. Ela lhe permite levar em conta de que maneira indivíduos, no tumulto de suas experiências diárias, tornam-se muitas vezes falsamente cônscio de suas posições sociais. Nesse tumulto, busca-se a estrutura da sociedade moderna, e dentro dessa estrutura formulam-se as psicologias de uma variedade de homens e mulheres. Por esses meios, a inquietação pessoal de indivíduo é concentrada em dificuldades explicitas e a indiferença de público é transformada em envolvimento com questões públicas.
O primeiro fruto dessa imaginação – e a primeira lição da ciência que a corporifica – é a ideia de que o indivíduo só pode compreender sua próprio experiência e avaliar seu próprio destino situando-se dentro de seu período, de que ele só pode conhecer suas próprias chances nas vida tornando-se consciente daquelas de todos os indivíduos em suas consciências. Sob muitos aspectos, é uma lição terrível; mas também, sob muitos aspectos, é uma lição magnífica. Não conhecemos os limites das capacidades do homem para o esforço supremo ou degradação voluntária, para agonia ou júbilo, para a brutalidade prazerosa ou a doçura da razão. [...] Descobrimos que todo indivíduo vive, de uma geração para outro, em alguma sociedade; que ele vive uma biografia, e que ele a vive dentro de uma sequência histórica . Pelo fato de viver, contribui, ainda que minimamente, para a conformação dessa sociedade e por seu empurra-empurra histórico.
A imaginação sociológica nos permite aprender história e biografia e as relações entre as duas sociedades. Essa é sua tarefa e sua promessa. Reconhecer essa tarefa e essa promessa é a marca do analista social clássico.
[...] Pois essa imaginação é a capacidade de passar de uma perspectiva para outra – do político para o psicológico; do