Iluminismo
Cristianismo e a Sagrada Escritura, mas, por conseqüência, acaba por negar toda e qualquer autoridade ou tradição. Para Gadamer, o fato diferencial da Aufklärung moderna “é que ela se impõe frente a Sagrada Escritura e sua interpretação dogmática”23. A Sagrada Escritura, assim como qualquer outro texto ou informação histórica, não são autoridades e, conseqüentemente, não podem valer por si mesmas. Antes, “a possibilidade de que a tradição seja verdade depende da credibilidade que a razão lhe concede. O que está escrito não precisa ser verdade:
Nós podemos sabê-lo melhor”24, diz o Iluminismo.
A preocupação da Aufklärung era, portanto, não aceitar nenhuma espécie de preconceito, ou verdade pré-estabelecida, dogmática. Mas, há outra preocupação para os iluministas, isto é, o estabelecimento de um método que possa garantir a verdade (=certeza) do objeto perscrutado. Método, etimologicamente falando, é caminho. Caminho que uma vez comprovado, pode ser (re) feito por qualquer outro sujeito que obterá os mesmos resultados, independente das contingências existências. A intersubjetividade dos resultados é garantida.
Logo, o método é um instrumento, um procedimento do tipo técnico. Em última análise, método é um caminho “mecânico” que pode ser feito e refeito através do uso de regras estabelecidas. Deste modo, segundo a Aufklärung, é possível alcançar a certeza indubitável.
Nesta perspectiva, diz Gadamer que “a certeza científica sempre tem uma feição cartesiana. É o resultado de uma metodologia crítica, que procura deixar valer somente o que for indubitável”25.
Por conseguinte, “um uso metodológico e disciplinado da razão é suficiente para nos proteger de qualquer erro”26. A relação entre razão e autoridade/tradição, no Iluminismo, é sinônimo de conflito, sendo que a primeira deve excluir a segunda. A razão deve anular27 todos os preconceitos, ou, como diz M. Oliveira, “um pré-conceito