Ignorem
RESENHA CRÍTICA
Paulo Gileno Cysneiros1
Papert, Seymour M. (1994). A Máquina das Crianças: Repensando a Escola na Era da
Informática. Porto Alegre, Artes Médicas, 210 pp.
Tradução de Sandra Costa, do original (1993) The Children's Machine. NY, Basic
Books. Consultoria, revisão e supervisão técnica de Maria Carmen Silveira Barbosa (da
Faculdade de Educação da UFRGS).
O professor Seymour Papert, um dos fundadores do laboratório de inteligência artificial do MIT (Massachussetts Institute of Technology), foi o responsável, no final dos anos sessenta, pelo desenvolvimento da linguagem Logo, na época um grande avanço para o uso da Informática na educação. Subjacente à linguagem, havia uma concepção de aprendizagem, ensino, escola e educação informalmente conhecida como
“Filosofia Logo”. Em meados da década de oitenta, Papert desenvolveu o brinquedo
Lego-Logo, um tipo de robótica para crianças. Em parceria com a empresa dinamarquesa Lego, introduziu motores, sensores e engrenagens nos tradicionais blocos de construção, possibilitando o controle de dinamismos através de programas simples escritos em Logo pelo aprendiz (p.173).
Ainda em meados dos anos oitenta, Papert influenciou diretamente o projeto de introdução de computadores nas escolas da Costa Rica, baseado no uso do Logo.
Papert sempre foi um questionador do establishment educacional, particularmente da tradição comportamentista (behaviorista). É admirador de John
Dewey – filósofo norte-americano da educação e da tecnologia – e de Paulo Freire, que elogiou A Máquina das Crianças, em depoimento transcrito na contracapa da tradução brasileira. Para entendermos melhor a presente obra, é necessário nos referirmos ao seu primeiro livro, sobre computadores e educação, publicado nos EUA em 1980 com o título Mindstorms: Children, Computers and Powerful Ideas. O neologismo Mindstorms funde duas palavras inglesas: mind (mente,