idoso 2014
O breve exame da proteção social para idosos na Política de Assistência Social em
Salvador revela uma tendência clara: os programas previstos nas políticas não estão se realizando, sobretudo aqueles que, na área da saúde e assistência, preconizam a atenção domiciliar e o cuidado com os idosos mais fragilizados.
A tônica, também na cidade de Salvador, é a mesma registrada nas discussões teóricas: a mobilização da família e dos laços comunitários, ação entendida como preventiva de agravos no campo da saúde e assistência. Ficam sem cobertura pública, nesse modelo, os idosos dependentes, que necessitam de cuidadores, bem como aqueles que sofrem violência e que, raramente, frequentam centros de convivência ou procuram serviços de saúde. Isso, sem contar os idosos sozinhos, mas que não se encontram em situação de abrigamento. Todos esses são grupos de idosos que parecem invisíveis para as políticas. A atenção é pensada para idosos que tenham suas famílias, seus cuidadores e que estão em boa condição de saúde para frequentarem grupos de lazer e sociabilidade. Contudo, o que o estudo pretendeu mostrar é que as políticas reproduzem alguns estereótipos sobre a família e os idosos, naturalizando sobretudo o papel da família protetora e do idoso como um sujeito que apenas observa os processos de mudanças, mas não é sujeito neles. Ou seja, as políticas parecem não acompanhar os novos papéis e necessidades dos idosos e de suas famílias. Por exemplo, as políticas sociais no Brasil negligenciam a questão fundamental posta pelos cuidados com os dependentes que ficam a cargo da família, sobretudo das mulheres e, tantas vezes, das mulheres velhas, enfocando apenas nos gastos do Estado e sua necessidade de cortes.
Isso fica muito claro quando falamos de mulheres velhas que vivenciaram, em suas trajetórias, importantes mudanças em seus papéis e condição, ao mesmo tempo em que continuaram sendo alvo de discriminação e