Identidade nacional e resistência cultural em moçambique
Assim, a busca da identidade passa, necessariamente, pela recuperação de certos valores autóctones de raízes específicas para o estabelecimento de novas negociações: seja para tentar resgatar a tradição, seja para tentar construir uma nova tradição, buscando, através da derrubada ou do resgate de mitos, uma idéia mais próxima daquilo que é, contemporaneamente, o homem e a nação.
Ao nos falar sobre a construção da identidade de povos, anteriores à colonização, Amselle nos diz:
“A África Ocidental anterior à colonização, longe de se compor de mônadas fechadas em si mesmas, era animada por vastos movimentos pendulares de dilatação e contração políticas que davam origem aos diferentes modos de identificação.”
“Na periferia desses estados, impérios, reinos, ou chefaturas, situavam-se em zonas-tampão ou zonas-fronteira, albergando sociedades segmentares, quer dizer, sociedades acéfalas organizadas na base de clãs e linhagens. Tais sociedades não conheciam modos de identificação superiores às unidades locais, uma vez que a natureza de sua organização social era função da dominação exercida sobre elas pelos estados circunvizinhos, segundo o princípio clássico do divide ut imperes. Os indivíduos definiam-se socialmente por referência ao seu clã e à sua linhagem, ou, ocasionalmente, no quadro de confederações guerreiras. Em razão dos movimentos de dilatação e contração políticas que afetavam as sociedades em causa, as diferentes populações podiam conhecer múltiplas atribuições étnicas no decorrer da sua história, passando de organizações segmentares a formas estatais e inversamente.”
O colonialismo ao impor a destruição das culturas dessas comunidades na forma de um estado engessado que rompe com esses movimentos de dilatação e retração políticas, estrutura