Ideias
Ser inconsciente daquilo que nos rodeia pode ser uma dádiva ou não. Na infância fomos todos inconscientes e ingénuos, mas de um momento para o outro deixamos de ser crianças e consequentemente, deixamos de ser ingénuos. A partir do instante em que começamos a pensar que a vida é breve e no sentido tem a nossa existência, colidimos com sentimentos como a angústia e a infelicidade. A felicidade vemo-la nas crianças que brincam pois as suas gargalhadas fazem-nos sentir bem. Fernando Pessoa vê nas crianças a sua infância perdida, e que tudo não passa de uma desilusão. Descobrimos que o tempo não pode voltar atrás e quando tentamos recordar aquilo que fomos no passado, as nossas memórias estão todas alteradas. O tempo destrói todo o encanto que temos pela vida. Deste modo, para Pessoa o passado é inalcançável visto que nada se concretizou. O sonho tem o dom de recriar aquilo que queremos para a vida real e é o único momento possível de felicidade, mas só torna a vida melhor quando dormimos porque quando acordamos os sentimentos deprimentes continuam lá. De uma forma ou de outra, se nascemos temos de tentar viver num mundo cheio de questões que nos torturam todos os dias, pensar é uma forma de nos mantermos ocupados. No entanto pensar e refletir tornou-se algo pesado para algumas pessoas com uma mente brilhante como Fernando Pessoa. Por fim, a angústia e a nostalgia da infância são sentimentos que sentimos na realidade por termos a consciência da complexidade da vida.