Hobby ou Lazer Alienado?
Perguntaram ao filósofo Adorno quais eram seus hobbies e o que ele fazia em seu tempo livre.
Adorno, respondeu que "tempo livre" simplesmente não existia: ao se definir como o momento em que o corpo se recupera da fadiga do trabalho para poder então trabalhar mais, esse tempo não tem nada de livre. As pessoas verdadeiramente livres não têm "tempo livre" porque não têm "tempo preso": estão sempre trabalhando em seus próprios projetos pessoais. Pelo mesmo motivo, ele também não tem hobbies, pois está sempre se dedicando aos seus projetos pessoais e intelectuais: não precisa, digamos, jogar videogame pra relaxar a cabeça de tanto trabalho e poder mais tarde trabalhar mais, pois já adora seu trabalho e trabalha porque quer.
O lazer é uma criação da civilização industrial e aparece como um fenômeno de massa com características especiais que nunca existiram antes do século XX. Antes o lazer era privilégio dos nobres que, nas caçadas, festas, bailes e jogos intensificavam suas atividades predominantemente ociosas. Mais tarde, os burgueses enriquecidos também podiam se dar ao luxo de aproveitar o tempo livre. Os artesãos e camponeses que viviam antes da Revolução Industrial seguiam o ritmo da natureza: Trabalhavam desde o clarear do dia e paravam ao cair da noite. Entretanto havia "dias sem trabalho", que ofereciam possibilidade de repouso, embora não muito, pois geralmente os feriados previstos eram impostos pela igreja e havia a exigência de práticas religiosas e rituais obrigatórios. A partir de 1850, foi estabelecido o descanso semanal; em 1919, foi votada a Lei das Oito Horas; e em 1930, outras conquistas, como o descanso remunerado, férias. No Brasil, a legislação trabalhista demorou mais. Apenas na década de 30, no governo paulista de Getúlio Vargas, os trabalhadores conquistaram a regulamentação das oito horas diárias de