hitler
Entrevista sobre o mito Adolf Hitler
Nos 120 anos do nascimento do líder nazista, seu mais respeitado biógrafo explica como um homem carismático foi capaz de arrastar a Alemanha para a Segunda Guerra Mundial e provocar o Holocausto
Fernando Eichenberg | 20/10/2009 04h58
É pouco provável que algum dirigente político do século 20 tenha igualado o grau de popularidade alcançado por Adolf Hitler (1889-1945) na Alemanha, nos dez anos que se seguiram a sua chegada ao poder, em 30 de janeiro de 1933. O apoio da população ao Partido Nazista era tímido se comparado à veneração dos alemães por seu líder máximo. O culto ao mito exerceu um papel determinante no funcionamento do Terceiro Reich e na aterradora dinâmica do nazismo. Adorado pelo povo, adulado por seus subordinados e temido no resto da Europa, Hitler entrou para a História como a encarnação da barbárie, o artífice do Holocausto, o símbolo de um dos regimes mais horrendos já conhecidos da humanidade.
Neste ano, completam-se 120 anos do nascimento de Hitler. Em abril de 1943, em uma Inglaterra bombardeada, nascia Ian Kershaw, que seria seu mais conceituado biógrafo. Kershaw, portanto, experimentou a guerra, mas debutou pesquisando a Idade Média. Só nos anos 1970 mergulhou no período mais trágico da Alemanha moderna. Suas teses sobre a popularidade de Hitler ampliaram a compreensão das engrenagens do nazismo. Seu trabalho monumental sobre o Führer - dois volumes somando 2500 páginas - é uma obra de referência obrigatória.
Em Paris para lançar a versão resumida do livro, Kershaw, hoje professor da Universidade de Sheffield, na Inglaterra, reservou espaço de sua agenda para, em uma sala de hotel, conversar com AVENTURAS NA HISTÓRIA.
Para o senhor, a real importância de Hitler não estava em si mesmo, mas em como os alemães o viam. Como isso foi possível?
Em períodos de grande crise, surgem profetas oferecendo