História do samba
Mas quais foram as condições que permitiram que o samba entrasse nos salões das elites e fosse executado por todo país em rádios e toca-discos? O historiador Magno Bissoli defende em sua tese de doutorado pela Universidade de São Paulo (USP) que a nacionalização desse tipo de música esteve em larga escala associada à industrialização do país e ao projeto político e econômico de Getúlio Vargas.
Intitulada "Caixa Preta: samba e identidade nacional na Era Vargas", a tese, orientada pelo professor Wilson do Nascimento Barbosa, procurou avaliar o impacto dessa música na formação da identidade na sociedade industrial entre 1916 e 1945. Bissoli propõe que a transformação do samba proibido em ritmo nacional relaciona-se com a cooptação da mão de obra negra como força de trabalho para o processo de industrialização pelo qual passava o país e com a necessidade de se estabelecer um símbolo nacional aceito pela elite.
"A comercialização do samba criou condições favoráveis para que o Estado atraísse, por meio da identificação, uma mão de obra até então desprezada", aponta o historiador. No entanto, ele ressalta que, à medida que era popularizado, o samba sofreu um 'embranquecimento' decorrente de sua apropriação por uma camada média da população e pela mídia, acentuadamente durante o governo nacionalista e autoritário de Getúlio Vargas.
"Vargas incorporou o samba durante o Estado Novo com dois objetivos complementares: enquanto promovia a identificação da comunidade negra com a nação brasileira, mostrava às elites e