História do Acre
Danglei de Castro Pereira1
Resumo: É comum encontrarmos na literatura brasileira a identidade nacional associada à diversidade de nossa fauna e flora e à descrição de costumes indígenas como elementos singularizadores da nação brasileira. Um exemplo desse procedimento pode ser encontrado na
Carta de Pero Vaz de Caminha a El rei Don Manuel sobre o achamento do Brasil. Nossa proposta discute a presença de tensões culturais no processo de caracterização do índio na literatura brasileira. A preocupação é discutir a formação da identidade nacional como resultado do processo de fusão cultural e, com isso, compreender o índio, por um lado, como símbolo de nacionalidade e, por outro, como expressão das matrizes formativas da identidade cultural brasileira.
Palavras-chave: Identidade nacional. Literatura. Índio.
Introdução
Compreender a modernidade como momento em que as relações entre as diversas manifestações artísticas aproximam-se possibilita, por um lado, discutir as fronteiras estéticas estabelecidas entre arte e sociedade, por outro, vislumbrar aspectos culturais imanentes a arte e cultura. Partindo desta possibilidade, procuraremos, neste trabalho, compreender a formação da identidade nacional como resultado do processo de fusão cultural e, com isso, entender o índio como símbolo de nacionalidade e, também, como expressão das matrizes formativas da identidade cultural brasileira.
O indígena assume a condição de um dos símbolos nacionais, mas como observa Bosi
(1993), é resultado de um paralelismo que prevê, por um lado, a caracterização do exótico da natureza brasileira e, por outro, a visão do outro, do colonizador europeu que entra em contato com uma natureza primitiva alheia a seu domínio cultural. Neste processo, à mercê de um ponto de enunciação externo à nossa cultura, podemos vislumbrar uma das marcas indeléveis de nossa matriz cultural: a descrição do exótico e do pitoresco de nossa