História da arte
Editora Labor S. A. — Capítulo 6
O ESPAÇO
Deus é o espaço em si mesmo.
El Zohar
O Espaço é a própria experiência do homem.
Pierre Francastel
O problema fundamental que a pintura deve resolver é a criação de um espaço, encerrado na superfície da tela escolhida pelo pintor. A terceira dimensão, manifestada pela perfeição de uma “ilusão”, tornará possível o processo de articulação das manchas coloridas; sem essa profundidade inventada a imagem pintada não aparece. Para que a realidade chamada quadro se cumpra, é necessário dispor de um espaço. No Renascimento Patrizzi dizia que: “O espaço é a base de toda a existência”. Já dispomos de outro elemento importante que responde aos requisitos da obra de arte. A matéria é a encarregada de criar o espaço pictórico; muitos serão os métodos empregados para estruturá-lo e muitas as características e a função desta ilusão espacial. Para Pitágoras, “o espaço se confunde com a matéria”. Vamos considerar esta afirmação à luz da criação pictórica. Na pintura, a realidade da matéria e a realidade do espaço criado se confundem. Desta unidade resulta uma identidade, porque sem a intervenção da primeira o espaço é incapaz de ter realidade, o espaço não é. Partimos de um espaço bidimensional — o da tela — à procura de uma terceira dimensão, em busca de um espaço tridimensional; ele é conseguido pela utilização da matéria; o espaço “é” graças à matéria que o constrói. Tela e cores — segundo S. Langer: “não estão no espaço pictórico; estão onde estavam antes, no espaço real que habitamos”. É uma verdade, porque a tela e as cores convivem no espaço real da natureza. Mas no caso das cores às quais se refere a esteta norte-americana, se bem que estejam no ambiente real, também estão no espaço pictórico em função de ser esse espaço. O espaço pictórico resulta em um ser apresentado pela matéria que lhe dá existência.