História da arte - Gombrich pg 38 - 52
Grécia: Séculos VII a V a.C.
FOI NAS IMENSAS terras desérticas espargidas de oásis, onde o sol arde implacavelmente e onde apenas o solo irrigado pelos rios fornece alimento, que os mais antigos estilos de arte surgiram sob o domínio de déspotas orientais, e esses estilos permaneceram quase inalterados por milhares de anos. As condições foram muito diferentes nos climas mais temperados do mar que orlava esses impérios, nas múltiplas ilhas, grandes e pequenas, do Mediterrâneo oriental e nas costas recortadas por inúmeras enseadas das penínsulas da Grécia e da Ásia Menor. Essas regiões não estavam submetidas a um único senhor. Eram os esconderijos de afoitos marinheiros, de reis-piratas que cruzavam os mares até seus limites conhecidos e mais além, acumulando grandes riquezas em seus castelos e portos de abrigo por meio do comércio e das incursões marítimas. O principal centro dessas áreas foi originalmente a ilha de Creta, cujos reis eram, por vezes, suficientemente ricos e poderosos para enviar embaixadas ao Egito, e cuja arte causou funda impressão até na corte faraônica (p. 41).
Ignora-se quem era exatamente o povo que reinava em Creta e cuja arte foi copiada no continente grego, sobretudo em Micenas. Descobertas recentes levam a admitir a possibilidade de que os cretenses falassem uma forma primitiva de grego. Mais tarde, cerca de 1000 a.C, uma nova onda de tribos guerreiras provenientes da Europa penetrou na montanhosa península da
Grécia, avançou até ao litoral da Ásia Menor, combateu e derrotou os antigos habitantes.
Somente nas canções que narram essas batalhas sobrevive algo do esplendor e beleza da arte que foi destruída nessas prolongadas guerras, pois essas canções ou rapsódias constituem os poemas homéricos; e entre os recém-chegados estavam as tribos gregas que conhecemos da história. Nos primeiros séculos de seu domínio sobre a Grécia, a arte dessas tribos era bastante rude, desgraciosa e primitiva. Nada