História da antropologia
Thomas H. Eriksen e Finn S. Nielsen, autores de História da Antropologia, lançado no Brasil pela Editora Vozes, são professores respectivamente na Universidade de Oslo e na Universidade de Copenhague. Estas inserções – ao mesmo tempo próximas e distantes do mainstream antropológico – podem nos servir como “porta de entrada” para uma reflexão sobre a concepção da história da antropologia que elaboram em seu livro.
No último capítulo (“Reconstruções”), os autores procuram identificar, em meio à incerteza que apontam como sendo a marca dos anos 90, e a despeito da falta de distância histórica para se esboçar uma visão de conjunto, as continuidades e rupturas presentes na história da disciplina. Em meio a este esforço, “relativizam” o desenho que propõem, ressalvando estar ele comprometido com o que chamam de “poder definicional”, ou seja, a imbricação entre poder e linguagem na própria constituição do campo antropológico. Deste modo, sua escolha por examinar as tradições antropológicas de línguas alemã, francesa e inglesa, embora autorizada pela história da disciplina, exige ao mesmo tempo um esforço reflexivo, uma vez que, conforme os próprios autores apontam, se a antropologia brasileira tivesse sido regularmente traduzida para o inglês e para o francês, toda a história da antropologia poderia ter sido diferente.
Esta observação, presente nas últimas páginas do livro, torna sua leitura extremamente provocadora para os antropólogos brasileiros. Estamos todos acostumados a ler volumes de introdução à antropologia que principiam recuperando as principais idéias do evolucionismo (eventualmente retrocedendo um pouco em busca das raízes filosóficas deste movimento), seguindo então por exposições dos debates e rupturas teóricas que marcaram o surgimento das escolas consagradas do culturalismo, do funcionalismo, do estruturalismo e do interpretativismo. O trabalho de Eriksen e Nielsen não foge à regra em