Hidrologia
CONCEITO
O geógrafo inglês JOHN ANTHONY ALLAN, tendo sido um analista de recursos hídricos por longo tempo, com ênfase para o Oriente Médio – como o próprio relata em entrevista ao semanário alemão Die Zeit – desde o início dos anos sessenta havia se convencido de que, nessa região, a escassez de água ameaçava um grande conflito armado pelo desequilíbrio patente entre a limitação natural para produção local de alimentos e sua crescente demanda por conta do crescimento populacional. Todavia, vinte anos depois, mesmo confirmados os fatores de desequilíbrio, esta guerra não havia acontecido.
A identificação do fator que frustrou tais previsões pessimistas – rela-ta o especialista – se deu pela leitura de uma crítica do economista GIDEON FISHELSON, que acusava de insensatez o governo israelense por fomentar a exportação de cítricos para a União Européia. Ali estaria a chave: O cientista pesquisou números do comércio de países do Oriente Médio para concluir que a relação entre a demanda de alimentos e a escassez de água não confluíram em um grave conflito – mesmo com o relevante crescimento populacional – porque grandes quantidades de importações de alimentos em grãos, gado, etc., permitiam à região não depender de seus próprios recursos hídricos escassos, adquirindo água já incorpo-rada em produtos agrícolas.
O conceito “água virtual” (também chamada como “água embutida” ou “incorporada”), como se depreende do histórico de sua lavra, define o volume de água uti-lizado direta e indiretamente em toda a extensão da cadeia que compõe os processos de pro-dução de bens e serviços.
O conceito de água virtual transcende em muito a mera criatividade acadêmica. A pertinência do desenvolvimento e da aplicação do um conceito como o da água virtual reside na sua utilidade sócio-econômica:
Água virtual tem maiores impactos sobre a política de comércio global e sobre a pesquisa, especialmente em regiões com escassez de água,