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Herança cultural dos negros
De onde vieram os cerca de 20 milhões de africanos escravizados pelo Brasil nos séculos XVII, XVIII e XIX?
Qual o grau de cultura em que se achavam?
Qual a situação política e a organização social desses povos?
Quais as tribos que forneceram escravos aos brasileiros?
Enquanto Gonçalves Dias, Gonçalves de Magalhães, J. Francisco
Lisboa e F. A. Varnhagen, dentre outros, dedicaram-se ao estudos da população ameríndia no Brasil, até o final do século XIX e início do século XX – assinala Sílvio Romero em sua História da Literatura
Brasileira - poucos talentos nacionais se propuseram a estudar os africanos e sua cultura à luz das ciências sociais, a despeito de sua importante contribuição à formação da nova nacionalidade aqui fundada. De acordo com os métodos de observação social, preceituados pela escola de Henri Tourville, a caracterização dos povos tem de ser feita levando em conta as diversas zonas do País, suas principais produções, gêneros de trabalho impostos ao homem, natureza dos meios e modos de viver, constituição intrínseca da família, organização de grupos sociogênicos, que são as células da sociedade, da qual as famílias são as moléculas e os indivíduos os átomos. Seguindo a escola da sociologia francesa inaugurada por H. de
Tourville, Ed. Demolins e Rousiers, Louis Armand de Préville toma para si esta tarefa no livro Lês Sociétés Africaines. Leur origine, leur évolution, leur avenir (1894). Segundo sua descrição, o continente africano é um platô alto cercado quase completamente por montanhas, próximas da costa que pode ser dividido em quatro regiões perfeitamente distintas, correspondentes a zonas sociais igualmente definidas. Cada uma dessas zonas apresentando um habitat de raças e sociedades divergentes.
1 – Zona dos desertos do Norte – uma região seca, onde a vegetação arborescente quase não existe. É habitada por berberes e árabes (não negros);

2 – Zona do planalto central – Área equatorial, onde as chuvas
cotidianas