Heidegger, contruír, pensar, habitar

1253 palavras 6 páginas
20090764
Salvador Seabra

Construir, Habitar, Pensar, é um ensaio de Martin Heidegger, onde existe uma tentativa de pensar o que é a arquitectura, através de uma relação sensível e intelectual com o espaço construído, fugindo às questões específicas e técnicas. A arquitectura tem que envolver pensamento e é compreendida através da experiência e das sensações que um determinado espaço nos causa. Neste texto, há uma tentativa de nos fazer pensar sobre o que é habitar e o que é construir. O filosofo, à semelhança do trabalho de Peter Zumthor, explora a questão do “ser” e a dimensão da sua definição na arquitectura e mostra-nos a relação de dependência entre habitar e construir. Esta relação não é uma relação óbvia, no sentido em que não é preciso construir para habitar, mas “Construir já é em si mesmo habitar”.1 Ao longo do texto, vem-se a compreender que o conceito construir não representa o sentido literal da palavra, tem um significado mais lato, ou seja, não se trata apenas de construções físicas, mas também de construções mais abstractas como a construção de uma ideia ou de um fundamento. Também o habitar não se limita ao sentido de possuir uma habitação. Nós também habitamos os espaços que surgem das relações estabelecidas com os outros, pensamentos, aspirações, etc.

O texto começa dizendo que “só é possível habitar o que se constrói”2 e que as construções têm como meta o habitar. No entanto “nem todas as habitações são construções”3. Existe uma diferença, como já foi referido, entre construção e arquitectura, nas palavras de Wittgenstein : “da mesma maneira que nem todos os movimentos do corpo são um gesto, nem todo o edifício construído e funcional é arquitectura. A arquitectura é um pensamento”4. Esta distinção entre construção e arquitectura está muito marcada nos trabalhos de Heidegger e de Zumthor.

1 HEIDEGGER, Martin [Bauen, Wohnen, Denken] (1951), Construir, Habitar, Pensar. Conferência pronunciada por ocasião da “Segunda Reunião de

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