Gênero linda nicholson
A autora, Linda Nicholson, abre seu texto com a discussão do conceito de “gênero”. Apresenta os dois significados distintos dessa palavra. De um lado “gênero” aparece como designo a aquilo “que é socialmente construído, em oposição ao que é biologicamente dado” (página 9). Ou seja, aqui “gênero” não se refere ao corpo, não se relaciona ao sexo. De outro lado, “gênero” aparece como a distinção entre o masculino e o feminino. Essa definição surge em decorrência da percepção de que a sociedade forma não somente a personalidade e o comportamento, mas também as maneiras como o corpo aparece. Desta forma “sexo” e “gênero” não podem ser independentes. No discurso feminista, apesar desse segundo sentido ter predominado, a herança do primeiro aparece, pois, o “sexo” na teoria feminista é algo “que fica de fora da cultura e da história, sempre a enquadrar a diferença masculino/feminino” (página 10). A palavra “gênero” se constitui a partir de duas idéias: a do alicerce material da identidade e a da construção social do caráter humano. As feministas do final dos anos 60 traziam um legado da primeira idéia, a noção de que a distinção masculino/feminino, na maioria de seus aspectos essenciais, era causada pelos “fatores biológicos”, e expressadas por eles. Isso ocorria porque a palavra usada para definir essa distinção, “sexo”, possuía fortes associações biológicas. Para atenuar o poder desse conceito, as feministas se apoiavam na idéia da constituição social do caráter humano: nos países em que ocorreu a ampliação do significado do termo “gênero” esse poder também foi enfraquecido. As feministas estenderam o significado do termo para com ele se referir também a muitas das diferenças entre mulheres e homens expostas na personalidade e no comportamento. Muitas feministas do final dos anos 60 e início dos 70 aceitaram a premissa da existência de fenômenos biológicos reais a diferenciar mulheres de homens,