GÂNDAVO E A HISTORIA

Pero de Magalhães de Gândavo, é o pioneiro de uma longa e nobre linhagem de descritores do Brasil. Ele é o autor do Tratado da província do Brasil, ou melhor, Tratado da terra do Brasil, isto é, História da Província Santa Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil. Membro da corte de D. Sebastião com a função de “Moço de Câmara”, ajudante de Ordens do Exército. Era também copista, “que transladava livros”. Autor de regras que ensinavam a maneira de escrever e a ortografia da língua portuguesa. Era em renascentista com “ampla visão de mercado”. Por ser renascentista, Gãndavo era, por excelência, um curioso. A informação por terceiros, não lhe bastava, ele precisava ver ao vivo e a cores para garantir a legitimidade do conhecimento. No século XVI, os escritores portugueses costumavam escrever somente para a corte, enquanto Gândavo sonhava com a ampliação da informação em grande escala. Tinha como objetivo, seduzir com informação subjetiva, sendo assim diferente dos seus contemporâneos. A substituição da palavra Brasil nos dois primeiros títulos por Santa Cruz no terceiro, é de fácil explicação. Na visão de Gândavo a palavra Brasil remetia à cobiça, e nessa terra onde o objetivo maior eram os saques, pilhagens e invasões, sempre em nome de Deus com interesses comerciais, mas com real objetivo a cobiça. A palavra Brasil, deriva de brasa por causa da cor vermelha da madeira de alto valor comercial, o Pau Brasil. Para ele, esse interesse nunca poderia se transformar em nome de uma terra, ainda mais que o colorido da planta manifestaria a presença viva do diabo. Seu objetivo era manter a memória da Santa Cruz. Essa importância sagrada, é demonstrada pelos portugueses que costumavam colocar nomes de santos e datas do calendário cristão para as topografias. A palavra Brasil se mantém no último título, mas é uma presença a ser lida como ausência, pois o vulgarmente que lhe antecede a desloca para outro mundo semântico. O verbete TRATADO, possui vários