Guerra dos farrapos
Apesar da participação do povo, esse movimento difere da Cabanagem e da Balaiada, pois os fazendeiros, unidos, jamais permitiram que as camadas populares assumissem a liderança do movimento ou se organizassem em lutas próprias.
A elite fazendeira do Rio Grande do Sul contestava a centralização política, o desinteresse do governo central pelos problemas das províncias e os tratados comerciais que prejudicavam o país. Contestava também os impostos e as baixas taxas alfandegárias cobradas na importação de produtos estrangeiros, principalmente o charque (carne-seca) argentino e uruguaio, que concorria com mercados consumidores brasileiros.
Desde o século XVII, a base da economia gaúcha era a criação de gado e principalmente a fabricação do charque, importante produto para a alimentação dos escravos e das populações mais necessitadas que viviam nas zonas mineradoras e nos latifúndios do Norte e do Nordeste.
Entretanto, os fazendeiros gaúchos, para venderem o charque nas outras províncias do Brasil, eram obrigados a pagar impostos alfandegários, como se o produto fosse estrangeiro.
Dessa maneira, o charque do Rio Grande do Sul, produzido em bases escravistas, não podia competir com o preço e a qualidade do charque argentino e uruguaio, que pagava baixas taxas de impostos nas alfândegas do Brasil e era produzido em escala superior, com a utilização de mão-de-obra assalariada, mais dinâmica e produtiva que a escrava.
Diante disso, os fazendeiros de gado organizaram a luta, que tinha como finalidade solucionar os problemas econômicos da província e obter liberdade de escolherem seus próprios governantes.
Em 1835, os rebeldes, comandados por Bento Gonçalves, tomaram a cidade de Porto