Guerra do Paraguai
Marcelo Santos Rodrigues
Doutor em História Social - USP Prof. do Dpto. de História - Universidade Federal do Tocantins – UFT
Caixa Postal 136 – Porto Nacional – Tocantins – Brasil marcelotoca@hotmail.com Em noite de lua cheia, na barraca iluminada à luz de velas do acampamento das forças aliadas, velava-se o corpo do primeiro soldado morto na guerra do Paraguai. Em torno da capela improvisada, homens cujas faces o pintor não nos revelou, assistiam atentamente a cerimônia por toda à noite. O quadro "Velatorio del primer soldado muerto, perteneciente al batallón de guardias nacionales San Nicolás" do argentino Cándido López, foi pintado décadas depois de ter participado de muitas Batalhas. Esse tema pode ser considerado uma iconografia incomum no cenário da guerra. Entretanto, observando atentamente as telas de Candido Lopez1 que retratam cenas das batalhas de Curupaiti e Tuiuti estão, ali, representados milhares de cadáveres insepultos, de soldados anônimos que jaziam ao relento, banhados de sangue, nos campos de batalha.
Independente da perspectiva historiográfica que se procure abordar a Guerra do Paraguai, o historiador precisará contar com as memórias anotadas por aqueles que vivenciaram a Campanha. Assim, as fontes de pesquisas ampliaram-se, para além dos documentos oficiais existentes, com o interesse de alguns investigadores em narrar uma história social da guerra. Esse trabalho encontrou, nos vestígios de documentos até então poucos observados, a imagem da morte no cenário da guerra.
Utilizando-me das memórias anotadas por militares, engenheiros, cirurgiões, pintores, como de outros personagens que registraram a dor e o sofrimento nos campos de batalhas, pretendo destacar as narrativas sobre a presença da morte na guerra que criou heróis e dizimou homens comuns. Soldados anônimos que fizeram a campanha contra o Paraguai e que tiveram o triste destino do sepultamento no terreno hostil,