Guerra do Farrapos

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Os estancieiros do Rio Grande do Sul estavam desgostosos. Era injusto o que a charque - carne seca e salgada- estrangeiro pagasse as mesmas tarifas alfandegárias que o charque gaúcho, para entrar nas demais províncias do Brasil.
O fato mostrava um desequilíbrio da economia agrária no Império. A pecuária nordestina não podia atender mais à demanda do produto, que era a base da alimentação das legiões de escravos empregados na lavoura do açúcar, na extração do ouro e, posteriormente, na exploração do café. À importação era facilitada para satisfazer essa demanda acrescida.
Mas desde a fundação da primeira charqueada (1780), o produto gaúcho ganhara esse mercado. Localizada entre os rios Pelotas e São Gonçalo , a indústria recebia matéria-prima dos centros criadores próximos, e se servia do porto de Rio Grande para fazer o produto deixar a Província.O charque acabou por tornar-se a base da economia da região- em detrimento do couro- apresentando o índice de 13 mil arrobas exportadas em 1793. Nos primeiros anos do século seguinte a soma se elevaria a 600 mil arrobas. Mas, no decorrer do século XIX, o valor das vendas sofreu bruscas oscilações.
O que estava sabotando o charque gaúcho?
O charque de fora
A empresa charqueadora do Rio Grande do Sul funcionava à base do trabalho escravo. Sua produtividade era, por isso, muito baixa. De resto, requeria grande investimento de capital para a aquisição, alimentação, vestuário e alojamento dos trabalhadores.
Para que esse capital fosse reavido, os escravos deviam produzir constantemente, mesmo que fosse conveniente reduzir a fabricação para manter o preço no mercado.
Os charqueadores platinos- chamados saladeiros – utilizavam a mão de obra assalariada, mais apta e mais produtiva. Seu produto consequentemente era mais barato.
Diante disso, os brasileiros só podiam enfrentar a concorrência quando situações excepcionais afastassem a indústria estrangeira, ou se o produto platino fosse gravado com pesadas tarifas

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