Grécia Antiga

1864 palavras 8 páginas
As gigantes rivais: Atenas e Esparta
Conhecidas como arquiinimigas, não teriam o mesmo impacto na história se não estivessem ligadas por séculos. Suas rivalidades - e alianças - ajudaram a desenhar o mundo como o conhecemos
Reinaldo José Lopes | 01/11/2004 00h00
Nunca um rei espartano tinha sido tão humilhado. Depois de passar fome e sede e agüentar um calor dos diabos por quase três dias, o soberano Cleômenes e sua guarda pessoal tiveram de pôr o rabo entre as pernas, entregar suas armas e deixar Atenas. Não seria exagero dizer que essa era a primeira grande vitória de uma invenção ateniense que ainda ia dar muito trabalho aos espartanos, a democracia – e, que ironia, o próprio rei de Esparta é que tinha tornado isso possível.
Até aí você não deve estar surpreso. Afinal, todo mundo aprende que as duas cidades-estado mais poderosas da antiga Grécia eram inimigas, e não podiam ser mais diferentes entre si. Os atenienses valorizavam a arte e a literatura, brigavam por participação popular no governo e eram grandes navegantes. Os espartanos achavam que homem que é homem fala pouco, louvavam a obediência acima de tudo e ficavam de perna bamba só de ver um navio.
Acontece, porém, que as relações entre Atenas e Esparta estão longe de ter sido tão simples. Que o digam os filósofos, escritores e políticos atenienses que não escondiam sua admiração pelos rivais do sul. Durante a guerra dos gregos contra os persas, a partir de 480 a.C., as duas cidades comandaram lado a lado a resistência ao invasor, Esparta em terra e Atenas no mar. Sob certos aspectos, pode-se mesmo afirmar que os espartanos foram pioneiros nas reformas políticas que depois fariam a fama de Atenas, aumentando a participação dos cidadãos comuns nas decisões do governo. Foram primeiro os conflitos de interesse (a supremacia sobre as outras cidades gregas e o controle do comércio com a Ásia), e só depois as diferenças ideológicas entre democracia ateniense e rigidez espartana, que acabaram levando a uma

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