Grãos de ouro em sais de prata: memórias do café
Em distritos da zona rural de Londrina, as narrativas de trabalhadores e extrabalhadores da cafeicultura diante de fotografias tiradas entre 1957 e 1970, por
Armínio Kaiser na região norte do Paraná.
Do êxito ao êxodo, a memória viva do café.
Realização
Patrocínio
qual o ponto que lhe toca ?
Foto de Armínio Kaiser. Publicação CamaraClara.org.br
Foto de Armínio Kaiser. Publicação CamaraClara.org.br
ver e narrar fotografias
Na origem da palavra, fotografia, escrita da luz.
Escrita que não se dá a ler, mas a ver e a narrar sobre ela. Entre o instante fixado nos sais de prata do negativo fotográfico e os inúmeros percursos, recursos e discursos de uma fotografia, os homens e mulheres que se colocam diante delas tentam dar sentido ao que vêem, sentem e compreendem. Entre o imaginário e o cultural, o sujeito compõe significados para as representações contidas naquela superfície, ao mesmo tempo em que nela vive uma aventura do sensível. Na alquimia própria dos sais de prata, grãos de luz nos animam e encaminham à aventura de construir histórias, (de)cantar memórias, inventar narrativas. Narrativas do olhar, tecidas pelo corpo, que todo é memória. Nas marcas de expresão, na textura da pele, na aspereza das mãos, na postura, trazemos conosco inscrições do tempo, vestígios de experiências que constituem o corpo que olha, sente, recorda e compreende.
Este exercício nos força a construir significados no silêncio da razão. Provoca perceber, na irradiação do instante fixado, os movimentos do tempo. De qualquer modo, ver uma fotografia
não é tarefa simples. Este ato de observação exige curiosidade, atenção e coragem. Ela, a fotografia, requer senso de aventura, mergulho vertical, movimento abissal, como bem destaca Etienne
Samain, fotógrafo, professor e pesquisador de antropologia visual.
Em mergulho abissal rumo aos sais de prata, detalhes, vestígios de seres e signos, traços da