Gregorio Matos
“Não é apenas por ser o primeiro grande poeta da literatura luso-brasileira que Gregório de Matos deve ser incluído nestas obras seletas. Sua poesia é de uma contemporaneidade espantosa e tem influenciado poetas críticos brasileiros, sobretudo da modernidade. O rigor de sua ironia traz marcas profundas no modo como lê as relações sociais da época seiscentistas, as quais parecem se enquadrar perfeitamente na contemporaneidade. Sua poesia, construída em alto estilo barroco, faz permanente ironia às formas retóricas usadas na época, ao mesmo tempo que delas se vale. A questão política e as questões de justiça consistem num dos motes marcantes no lúcido procedimento argumentativo do poeta.”(FGV-Direito/2008)
O BARROCO - “PÉROLA IRREGULAR”
BARROCO: originalmente, uma palavra portuguesa que significa uma pérola de formato irregular ou, como alguns historiadores asseveram, deriva do italiano “baroco”, um obstáculo na lógica escolástica medieval. Num ou noutro caso, a palavra circulou num sentido metafórico quando significava qualquer idéia enrolada ou um processo tortuoso e intricado de pensamento.
Denis Diderot, autor francês do século XVIII e crítico de arte, designa-a como metáfora “pérola” igual a “coisa”, imperfeita no sentido etimológico.
Em 1797, o crítico italiano Milizia escreveu: “O Barroco é a última palavra em bizarria; é o ridículo levado a extremos...”
I – DADOS CRONOLÓGICOS:
A culminância do estilo Barroco deu-se no século XVI, ainda que não haja uniformidade de traços: há um Barroco ibérico-jesuítico (Espanha, Itália, Portugal, com projeções na América Latina), caracterizado pela exasperação do conflito provocado pela crise religiosa; há um Barroco reformista e luterano (Alemanha, Holanda, Inglaterra), doméstico, leigo, sem finalidade litúrgica, em virtude de serem países protestantes e há países em que as manifestações do Barroco foram muito tênues (Suécia, países nórdicos, onde