gravidez sim ou não?
Por Adriana Teixeira 19/out 10:37
“Pode me chamar de maluca, mas tenho muito orgulho dessa marca na barriga. Tenho mais orgulho dessa do que daquela no seio, que marca a mamoplastia estética que realizei por vontade própria aos 19 anos.” A frase de Anna é um dos depoimentos que constam no belíssimo trabalho da fotógrafa Leticia Valverdes, batizado nas redes sociais como Birthmarks, ou marcas de nascença. O trocadilho é oportuno: a idéia de Leticia é falar das marcas da “nascença” dos nossos rebentos. Estria, barriga, manchas, peito caído, mas que nas fotos revelam além do que é cicatriz, revelam emoção, nutrição, doação, amor – os signos da maternidade.
A maternidade mexe fundo com a mulher, seu corpo, sua identidade, sua autoestima. E mulheres poderosas revelando essas marcas são sempre um jeito de sacudir a gente, não é? Ficamos agonizando em volta de um único padrão estético, ditando quantos quilos ganhar ou perder, quando o conceito do que é belo e importante vai tão além! O post da Ana Kessler, Como perder a barriga depois de ter filho fala muito bem sobre isso. Outra iniciativa bacana na rede é a da também fotógrafa Sophie Starzenski, argentina que produziu nove autorretratos, registrando as transformações da gestação no seu corpo, até Simon, seu bebê, chegar aos 2 meses de idade (ao lado).
Aceitamos o belo da plástica, do silicone, da barriga negativa, compramos o ícone de beleza – que é bonito, sim, porque é simétrico, perfeito, desenhado, mas deixamos de lado o que tem de conceito nessa discussão. Cortar o próprio corpo para empinar o peito, por exemplo, pode ser muito importante para uma mulher que se sinta frustrada com essa característica. E então a cicatriz que a cirurgia deixará não será uma marca negativa para essa mulher, mas sim um registro da escolha dela, da história dela. Ninguém se arrisca dizer que a cicatriz da plástica é um defeito... Do