Gramática
José Mario Botelho
(UERJ, FEUDUC e ABRAFIL)
RESUMO
A primeira resposta que vem à cabeça de um professor de Língua Portuguesa pouco cuidadoso quanto a respostas a certas questões, quando lhe perguntam o que é “gramática”, é que se trata de “o nome de uma disciplina que procura estabelecer o ‘certo’ e o ‘errado’ na língua” (Perini, 2006, p. 23). Ou como define Aurélio (1975, p. 697), é “o estudo ou tratado dos fatos da linguagem, falada e escrita, e das leis naturais que a regulam”.
Perini (Ibid, p. 23-4) também apresenta mais duas definições: “chama-se gramática um sistema de regras, unidades e estruturas que o falante de uma língua tem programado em sua memória e que lhe permite usar sua língua” e “chama-se também gramática a descrição, feita por um lingüista, do sistema da língua”.
Aquelas duas primeiras definições nos remetem à Gramática Normativa; a terceira, à Gramática Internalizada; e a última, à Gramática Descritiva. Contudo, não basta conhecer tais definições, mas sim o que justifica cada uma delas.
Palavras-chave: Gramática; sistema de regras; sistema, norma e uso.
INTRODUÇÃO
Para se responder à pergunta que serve como título deste texto e que tem sido feita por todos aqueles que se propõem a discutir o assunto, mormente os alunos do Curso de graduação em letras, precisamos atentar para alguns detalhes, uma vez que a acepção do termo “gramática” é de natureza relativa.
Na verdade, há mais de uma acepção para o termo; logo, a resposta depende do ponto de vista o qual se pretende adotar.
A primeira idéia que ocorre à maioria das pessoas, e entre elas os estudantes de letras em geral e os profissionais incipientes dessa área de estudo, é que se trata de “uma disciplina que procura estabelecer o ‘certo’ e o ‘errado’ nas práticas discursivas de uma dada língua”, já que esses usuários da língua compõem o grupo de pessoas preocupadas com certo uso padrão, denominado “culto” por uma Tradição Gramatical.