Gordo cullen
“[...] Efetivamente, uma cidade é algo mais do que o somatório dos seus habitantes: é uma unidade geradora de um excedente de bem-estar e de facilidades que leva a maioria das pessoas a preferirem – independentemente de outras razões – viver em comunidade a viverem isoladas.
Considere-se, agora, o impacto visual da cidade sobre os seus habitantes ou visitantes. O propósito desde livro é mostrar que, assim como a reunião de pessoas cria um excedente de atrações para toda a coletividade, também um conjunto de edifícios adquire um poder de atração visual a que dificilmente poderá almejar um edifício isolado.
[...] No caso do conjunto [edificado], imaginemos o percurso do transeunte: ao afastar-se pouco a pouco dos edifícios depara, ao virar de uma esquina, com um edifício totalmente inesperado. É normal que fique surpreendido ou até mesmo espantado; mas a sua reação deve-se mais à composição do grupo do que a uma construção específica.
[...]
Existe, sem dúvida alguma, uma arte do relacionamento, tal como existe uma arte arquitetônica. O seu objetivo é a reunião dos elementos que concorrem para a criação de um ambiente, desde os edifícios aos anúncios e ao tráfego, passando pelas árvores, pela água, por toda a natureza, enfim, e entretecendo esses elementos de maneira a despertarem emoção ou interesse. Uma cidade é antes do mais uma ocorrência emocionante no meio-ambiente.
[...] quando olhamos para uma coisa vemos por acréscimo uma quantidade de outras coisas. [...] Aliás, para além da sua utilidade, a visão tem o poder de invocar as nossas reminiscências e experiências, com todo o seu corolário de emoções, fato do qual se pode tirar proveito para criar situações de fruição extremamente intensas. São aspectos paralelos como este que nos interessam, pois, se realmente o meio-ambiente suscita reações emocionais – dependentes ou não da nossa vontade –, temos de procurar saber como isto se processa. Há três aspectos a considerar:
1. ÓPTICA.