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548 palavras 3 páginas
A Estrela da Manhã

Eu quero a estrela da manhã
Onde está a estrela da manhã?
Meus amigos meus inimigos
Procurem a estrela da manhã

Ela desapareceu ia nua
Desapareceu com quem?
Procurem por toda a parte

Digam que sou um homem sem orgulho
Um homem que aceita tudo
Que me importa? Eu quero a estrela da manhã

Três dias e três noites
Fui assassino e suicida
Ladrão, pulha, falsário

Virgem mal-sexuada
Atribuladora dos aflitos
Girafa de duas cabeças
Pecai por todos pecai com todos

Pecai com os malandros
Pecai com os sargentos
Pecai com os fuzileiros navais
Pecai de todas as maneiras

Com os gregos e com os troianos
Com o padre e com o sacristão
Com o leproso de Pouso Alto

Depois comigo

Te esperarei com mafuás novenas cavalhadas comerei terra e direi coisas de uma ternura tão simples
Que tu desfalecerás
Procurem por toda parte
Pura ou degradada até a última baixeza eu quero a estrela da manhã
Estrela da Manhã (poema), de Manuel Bandeira
Estrela da manhã, de Manuel Bandeira, é um poema representativo da literatura contemporânea. Avulta o tom erótico, denso e sugestivo, expondo um Bandeira viril e carnal. A mulher inatingível, difícil, até mesmo decadente, preenche, com seu corpo, a imaginação do poeta.
A visão desses dois mundos - o ideal, do sonho, onde habita o que está por ser atingido, e o material, da realidade das ruas - transparece liricamente neste poema.
Estrela da Manhã é um dos mais expressivos poemas lírico-amoroso de todo o Modernismo. Observe a celebração da mulher amada, evocada na metáfora "estrela"; a enumeração caótica das imagens, o desconcerto amoroso. Na quinta e sexta estrofes, observe uma espécie de ladainha para celebrar a amada, para fazer uma invocação (na verdade, é uma paródia da ladainha para a Virgem Maria, que acompanhava a reza do terço: consoladora dos aflitos / rogai por nós etc). Observe a intensidade - até o delírio - da confissão amorosa nas duas últimas estrofes.

Estrela da Manha –

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