gestos inacabados
Gesto Inacabado: Processo de criação artística, de Cecilia Almeida Salles
São Paulo: Intermeios, 2011.
Fabrício Fava
Numa visão geral, Gesto Inacabado, a partir da metodologia da crítica genética e diálogos com a semiótica peirceana, busca compreender as especificidades do processo de criação e oferecer uma perspectiva crítica processual para o entendimento da tessitura desse movimento criador. A ênfase do livro está na manifestação do ato criador nas artes, mas seus resultados permitem ao leitor ampliar esse pensamento para os campos da comunicação e da ciência.
O livro apresenta a criação como um processo semiótico é dividido em dois módulos: Estética do movimento criador, onde a autora discute os quatro movimentos que guiam o percurso criativo – Trajeto com Tendências, Projeto Poético,
Comunicação e Recompensa Material; e Abordagens para o movimento criador, que apresenta o processo criador a partir de cinco diferentes perspectivas – Ação
Transformadora, Movimento Tradutório, Processo de Conhecimento, Construção de
Verdades Artísticas e Percurso de Experimentação.
No decorrer de todo o texto Salles apresenta questões gerais dos processos de criação, mas não explicita os conceitos peirceanos que sustentam suas reflexões. É só nesta 5a edição que a autora apresenta, em um posfácio, de que maneira alguns conceitos semióticos, como a semiose, lhe auxiliaram na interpretação teórica e leitura crítica dos processos de criação.
O signo está, inevitavelmente, ligado a outro signo que, por sua vez, origina um outro signo e assim por diante. Essa mobilidade foi uma característica relevante para a compreensão da criação como um processo sígnico, inacabado, uma possível versão de algo que pode vir a ser modificado. Esse princípio de continuidade levou a autora a tecer relações com outra característica da semiose: o falibilismo; a teoria de que nosso conhecimento é falível, navega num continuum de incerteza e indeterminação, mas que o